21 de fev. de 2018

A festa da invernada no sertão da Paraíba.

Eu vi uma foto do Rio Piancó cheio de um lado ao outro. Que bonito! O sertão deveria ser eternamente molhado. Sertão molhado, já pensaram? Não haveria gravetos, espinhos, terra seca, açude rachado. Seria o verde total, os açudes sangrando, os rios enchendo os açudes e os sapos cantando.
Não sei o leitor, mas para meus sensíveis ouvidos não há música mais melodiosa do que a do sapo cantando em noite de invernada. É aquela orquestra afinada tocando a música de uma nota só. A gente dorme que sonha. E sonha com quedas d`água, banhos de biqueira, rios de alegria.
E quando vem a aurora, o passarinho faz dueto com o sapo. É uma orquestra sinfônica com os instrumentos da natureza.
Por isso o matuto fica mais novo quando chove. Fica disposto, bota a enxada nas costas, o pacaia na boca e se dana pra roça. Ao meio dia, chega a mulher com a bóia e ele come chega lambe o prato. Depois, bebe um caneco d`água e volta ao eito.
À noite, ao chegar em casa,lava os pés , come um cuscuz com ovo e vai fazer menino. As mulheres do sertão ficam parideiras no inverno. É um menino atrás do outro. Eita povo fazedor!
Sou de lá, nasci e me criei nas ribeirinhas do Gavião, da Lage, da Timbaúba, do Cedro, da Juliana e de outros sítios que ainda andam comigo por essas terras estranhas que fui obrigado a adotar como pátrias por absoluta necessidade de sobrevivência.
Por isso, sinto uma inveja danada nessas horas. Eita inveja! Eita vontade de largar tudo e sair correndo para os meus antigos terreiros.
Um dia eu dou uma de doido e faço isso.
Fonte:: Blog doo  Tião Lucena

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